Alto Douro e Ilha do Pico, paisagens vinhateiras culturais património mundial em perspectiva multifocal: experimentação comparada

Tipo: Workshop

Local: FLUP - Anfiteatro Nobre

Data: 13 outubro 2017

CONTEXTO: Estas duas “paisagens culturais” (UNESCO, 1972) ilustram a evolução da sociedade humana e a sua consolidação, sob influência das condicionantes físicas do seu ambiente natural, e forças sociais, económicas e culturais, externas e internas.
O Alto Douro Vinhateiro (ADV), classificado como Paisagem Cultural Evolutiva e Viva e inscrito na Lista do Património Mundial da UNESCO (25ª sessão do Comité do Património Mundial, 14 de Dezembro de 2001), comporta e objetiva uma tripla dimensão: alcançar um bem que é do Mundo; atingir o objetivo da excelência; ambicionar a qualidade e a durabilidade. Conferem-lhe autenticidade e integridade os seguintes atributos (tangíveis e intangíveis) mais expressivos: valores naturais (geomorfologia e património natural) e valores culturais (dominância da cultura da vinha e tipologias de seu plantio, sistemas de armação do terreno, terraços, quintas casais e povoados, vias de acesso fluviais e terrestres e outros elementos patrimoniais) nos quais assenta excecionalidade da paisagem do ADV. As suas componentes de distinção são três: A antiguidade da região; os terraços; o cruzamento de culturas.

O ADV é a realidade mais representativa e melhor conservada da Região Demarcada do Douro (RDD), que é a mais antiga região vitícola demarcada e regulamentada do mundo. A superfície do ADV compreende 24.600ha, cerca de um décimo do total da RDD com 250.000ha. O ADV desenvolve-se ao longo das encostas do rio Douro e da parte terminal dos seus afluentes. A paisagem cultural do ADV é uma obra multissecular, de adaptação de técnicas e saberes específicos de cultivo da vinha para a produção de vinhos mundialmente reconhecidos, correspondentes às denominações de origem “Porto” e “Douro”. É uma paisagem centrada na vitivinicultura e desenvolvida em condições morfológicas e ambientais extremas que, através do aperfeiçoamento das técnicas de valorização do espaço agrário, possibilitaram o cultivo da vinha em vertentes ingremes e pedregosas, recorrendo à construção de socalcos suportados por muros de xisto. A paisagem do ADV testemunha modos de organização da vinha de diferentes épocas históricas e que refletem saberes, técnicas, costumes, rituais e crenças tradicionais. Economia – Cultura – Paisagem constituem, no ADV, uma unidade inequívoca que a população construiu e interiorizou ao longo de séculos. O esforço coletivo, “sobre-humano” e monumental, é traduzido sensorialmente numa paisagem inconfundível, uma obra-prima de autor anónimo1.


A Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico (segunda maior ilha dos Açores), foi reconhecida pela UNESCO em Julho de 2004, como Património da Humanidade. O valor paisagístico e histórico-cultural do património natural e edificado da Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico, aliada ao seu carácter único e universal, conduziu à sua inscrição, na lista de bens Património Mundial da UNESCO, como Paisagem Cultural, cumprindo com os critérios (III) e (V) – ser testemunho único de uma tradição cultural e constituir exemplo distinto de uma paisagem representativa de uma cultura sob certa vulnerabilidade. A Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico, constitui a parcela mais representativa e melhor conservada de toda a zona vitivinícola da ilha, inclui as suas áreas mais significativas e bem preservadas, mantendo vivas as características desta paisagem com um diversificado e valioso património2. Com área total de 987 ha, envolvida por uma zona tampão de 1.924 ha, é composta por uma faixa de território que abrange parcialmente as costas Norte, Sul e Oeste da ilha, e inclui uma rede de longos muros de pedra paralelos à costa e que penetram em direção ao interior da ilha, e que foram construídos para proteger do vento e da água do mar as videiras, plantadas em milhares de pequenos recintos retangulares (currais). Tem como referência emblemática: o Lajido da Criação Velha e o Lajido de Santa Luzia, campos de lava de grande riqueza e beleza natural e paisagística que são representações da arquitetura tradicional ligada à cultura da vinha, do desenho da paisagem e dos elementos naturais: diversidade faunística e florística associada a comunidades endémicas. Faz parte da “Paisagem Protegida de Interesse Regional da Cultura da Vinha da Ilha do Pico” (PPIRCVIP), com uma área total de 3.078 ha3.

1 In Interpretação do Significado de Paisagem Cultural:… / Célia Ramos, Graça Fonseca. Seminário “Alto Douro Vinhateiro: …Ciência e Cultura - UTAD, 25 e 26 junho 2014.

2 Centro de Interpretação da Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico: http://siaram.azores.gov.pt/patrimonio-cultural/vinhas-pico/PatrimonioCultural-Vinhas-doPico.pdf.; Paisagem da cultura da vinha da Ilha do Pico: candidatura a Património Mundial…. Horta, Secretaria Regional do Ambiente, 2001, 115p., il.

3 Classificação do Governo Regional dos Açores de 1996.

 

A inscrição no workshop deverá ser feita através do endereço de correio eletrónico do CITCEM: citcem@letras.up.pt

Ficheiros

Cartaz

Circular - 1

Circular - 2

Programa - 1

Programa - 2

Programa - 2

Programa - 3

Programa - 4