Transformações Ambientais
Esta LI incide sobretudo na relação entre mudanças de sistemas de valores e comportamentos culturais, e as alterações ambientais e climáticas, com particular incidência nas suas vertentes históricas. A LI tem como prioridade contribuir para um diagnóstico das transformações climáticas, ambientais e ecológicas do passado e das respostas dadas pelas comunidades a essas transformações. A LI irá analisar o conceito de “economia sustentável”, traduzido na emergência de novos valores, usos e relações com o património natural, decorrentes do esgotamento de recursos e/ou de uma diferente consciência ambiental. A LI irá analisar de que forma estas dinâmicas transferem um enfoque no esgotamento de recursos para o da preservação dos mesmos, desencadeando mudanças económicas e culturais e a emergência de soluções criativas e inovadoras. São exemplos de questões de investigação: de que forma as mudanças na ocupação da terra, os regimes de propriedade e o distanciamento gradual de uma economia rural tradicional se traduzem em consequências ecológicas que poderão resultar em fogos florestais incontroláveis? De que modo estas mudanças históricas nas economias rurais (ex.: o aumento da não-exploração e gestão concertada de recursos florestais) evoluem para crises de sustentabilidade nos nossos dias?
A LI pretende diagnosticar estes fenómenos num passado pré-estatístico, contribuindo para um debate acerca da transformação da paisagem, da mudança ambiental e da avaliação de riscos e catástrofes, centrando a discussão sobretudo em Portugal continental e em territórios europeus. Esse debate far-se-á recorrendo a perceções históricas, literárias, cartográficas, iconográficas, religiosas e outras.
Outra temática a estudar diz respeito ao modo como a escassez de recursos hidrográficos e piscícolas interfere com as comunidades locais, conduzindo-as à renegociação das suas sociabilidades e à redefinição das suas identidades. Neste sentido, esta LI pretende produzir um inventário do Património Marítimo Português, assim como inquirir de que modo as representações literárias, resultados artísticos e práticas religiosas, entre outras, refletem transformações ambientais mais amplas.
A LI pretende igualmente dedicar atenção a primitivas economias extrativas e poluentes, que a seu tempo adquiriram um valor patrimonial, como são as minas de volfrâmio, desativadas atualmente, e reconvertidas em complexos museológicos e centros ambientais. O ponto de partida será o estudo do papel que a mineração assumiu nestas comunidades, moldando a sua mundividência e património social, e relacionando-as com rotas europeias do património mais amplas.
A LI pretende ainda avaliar a resiliência de linhas de costa a fatores de vulnerabilidade e a catástrofes naturais, medindo a sua capacidade de adaptação, na longa duração, e perspetivando-as como um sistema sociocultural marcado por conflitos de uso e respetiva capacidade de resposta.