Territórios Partilhados
Esta linha de investigação investiga temas como a mobilidade populacional e o povoamento regional, a migração e a história da população, e as dinâmicas de comunidades permeáveis, na sua relação com a memória e o património local, tangível e intangível. O ponto de partida, que se quer multidimensional e multidisciplinar, será o conceito de fronteiras fluídas, diluídas, ou não existentes, e a evolução da ocupação partilhada dos territórios. Através da perspetiva da Arqueologia pré-histórica e pré-medieval, esta LI irá dedicar-se a territórios históricos e geográficos que claramente precedem e ultrapassam a existência de fronteiras políticas tradicionais, “espaços nacionais” e nacionalidades. Serão enfatizadas noções de permeabilidade, expressas, por exemplo, na capacidade de comunicar em narrativas e linguagens cruzadas, e no acesso a um património comum.
São exemplo de áreas de intervenção intergrupo já planeadas, o estudo do Vale do Douro, entendido como um vasto território Ibérico (hoje em dia Espanhol e Português), sem fronteiras, partilhado diacronicamente por sucessivos povos e culturas, através de processos que deixaram marcas patrimoniais distintas, tais como o Parque Arqueológico do Vale do Coa. A LI irá analisar culturas pré-históricas comuns, com enfoque em questões como ritos funerários dispersos pelo Vale do Douro, e estudar a articulação entre o norte de Portugal e a Galiza. Esta LI planeia ainda produzir um Atlas do Património Romano no Vale do Douro, território partilhado entre Portugal e Espanha, explorando as ligações mais amplas desta rota Romana.
Outra contribuição desta LI será uma análise linguística das ligações mais vastas entre o norte de Portugal e a Galiza, vista à luz do complexo histórico e patrimonial que lhes está associado. A LI irá ter em conta os fluxos populacionais no enquadramento de sistemas económicos e a forma como estes contribuem para a configuração destes territórios partilhados, esbatendo fronteiras socioculturais. A LI irá, por fim, investigar de que modo, desde o período Moderno, se foi desenvolvendo um património material, linguístico e genético, partilhado nos territórios ultramarinos, num processo mútuo que definiu de forma duradoura Portugal, juntamente com as suas anteriores possessões na Ásia, em África e na América. São exemplos destacados deste património a arquitetura Barroca no Brasil e a influência arquitetónica brasileira em Portugal nos séculos XIX e XX.