Alteridade em Nós

Esta linha de investigação engloba o estudo de tópicos como as transferências interculturais regionais, nacionais e internacionais e o seu reflexo na sociedade, língua, cultura e património; investiga a presença de escravos, estrangeiros e indivíduos encarados pelas comunidades como forasteiros, incluindo aqueles que procuram asilo e refúgio; aborda questões de tolerância/ intolerância, inclusão/ exclusão, assimilação/ discriminação. O objetivo é o de identificar alteridades que se desenvolvem em espaços permeáveis à coexistência, analisando estas manifestações de diferença e a sua interação ao longo do tempo e do espaço, bem como assinalar as memórias construídas e os vestígios que produzem. Através da colaboração entre grupos e projetos de investigação, o propósito desta Linha de Investigação (LI) é dar resposta a questões como: de que modo a literatura e uma série de artefactos culturais refletem questões relacionadas com a presença de refugiados políticos, económicos, e ideológicos, exilados, minorias éticas e outras, ao longo da história no noroeste de Portugal, e além-fronteiras, em territórios ultramarinos? De que forma as representações locais e globais evoluíram e contribuíram para padrões de transmissão cultural, estética e linguística já existentes? Como é que os “estrangeirados” – intelectuais portugueses cosmopolitas dos séculos XVIII e XIX que estiveram fora do país –, introduziram diferentes mundividências, de amplitude internacional, em Portugal?

Outra área de intervenção está relacionada com questões de diáspora, censura e perseguição religiosa de minorias, em Portugal (ex.: Cristãos-Novos, Judeus, Muçulmanos), e de que forma a Inquisição lidou com estes grupos. Como é que as alteridades linguísticas, culturais, étnicas, religiosas e populacionais se dissolveram, ou não, em Portugal e nos ex-territórios coloniais? De que modo a literatura religiosa pode oferecer-nos representações culturais de práticas sociais, elementos estéticos e valores, e enriquecer a nossa consciência da diversidade religiosa e das perceções de outras sensibilidades?

Um outro interesse de investigação diz respeito à presença de escravos em Portugal, e à forma como as dinâmicas de interação social e cultural, inclusão e exclusão se desenvolveram ao longo do tempo, desde os séculos XVI e XVII, e mais particularmente a partir do século XVIII. De que modo o legado destes intercâmbios adstritos ao processo histórico da escravatura foi representado em programas e narrativas museológicos e em programas de ensino? Que marcas, nomeadamente culturais e patrimoniais, tangíveis e intangíveis, subsistem? Para além de fontes manuscritas e arquivísticas, as respostas a estas questões irão implicar uma investigação acerca de sistemas de transferência de conhecimento informal e de artefactos culturais, tais como a tradição oral e popular, as criações artísticas e as construções simbólicas.