História das Populações
Constitui objectivo central do Grupo desenvolver projectos de investigação interdisciplinares a partir das informações sistematizadas em bases demográficas construídas por aplicação de métodos e técnicas da Demografia Histórica, disciplina de ancoragem para a progressão da História da Família e da História Social. Actualmente, o grupo integra investigadores de História, Demografia Histórica, Sociologia, Ciências e Tecnologias da Computação, Antropologia Biológica e outras áreas de conhecimento em Ciências Sociais. Visa-se, deste modo, a consolidação da Demografia Histórica, a abertura a uma nova História da Família e a uma Nova História Social, numa via microanalítica de compreensão das dinâmicas demográficas e sociais da População Portuguesa.
Objectivos
- Alargar a base de dados genealógica central (que se encontra atualmente em fase de preparação técnica), integrando-lhe comunidades que possam representar as diferentes regiões do país, do Minho ao Algarve, passando pelos Açores e Madeira. Refira-se que a incidência dominante do Grupo tem sido até agora sobre o Norte de Portugal e ilhas do Grupo Central dos Açores, com incursões mais tímidas no Centro e Sul do país e pontualmente na Madeira.
- Enfrentar com novo fôlego problemáticas que tem vindo a ser objeto de aplicação do Grupo, nomeadamente: i) a abordagem a um desconhecido século XVI que, pelos casos estudados, se intui pujante, e a influência das pestes e das crises frumentárias na alteração do panorama demográfico do século XVII, ainda com reflexos no século seguinte; ii) a microanálise dos ritmos da transição demográfica em Portugal, do século XVIII ao XX, cruzando a informação paroquial com a informação censitária; iii) a relação campo-cidade em termos de mobilidade das gentes e análise de comportamentos diferenciais; iv) Uma nova abordagem do fenómeno da emigração não só através das fontes clássicas portuguesas e pelo cruzamento com as fontes disponíveis nos países da diáspora, mas também pelo aproveitamento condicionado das novas redes sociais.
- Ultrapassar importantes obstáculos, alguns intransponíveis, sendo de referir as lacunas nas fontes, mais comuns para as populações transmontanas, o subregisto de óbitos de menores e a deficiente identificação de defuntos maiores, situações mais frequentes no largo espaço da antiga Arquidiocese de Braga.
- Identificar fontes de origem diversa, principalmente as que não se encontram preservadas em arquivos públicos, facilitando a sua exploração e obviando ao seu desaparecimento. (ex: róis de confessados, paroquiais, livros sobre Confrarias, Capítulos de Visita e outros, conservados em arquivos de famílias em desagregação ou de documentos de empresas em reorganização ou falência).
- Aprofundar as vertentes mais clássicas em História da Família, seja o estudo da estrutura da mesma ou o estudo das Elites, acrescentando-lhe outras dimensões permitidas pelas bases de dados genealógicas em cruzamento com fontes específicas, a caminho de uma renovada História Social. Será o caso de listas de habitantes em que são identificados os indivíduos pelo estatuto socioprofissional, de fontes fiscais, como décimas ou matrizes prediais.
- Desenvolver estudos biodemográficos sobre populações continentais e insulares portuguesas, utilizando como suporte as bases de dados existentes para espaços urbanos e rurais construídas para diferentes regiões do país. Pretende-se essencialmente analisar a diversidade populacional a partir de métodos isonímicos, bem como a incidência dos níveis de consanguinidade nos coeficientes de parentesco e na prevalência de patologias de carácter hereditário em subpopulações específicas.
Estrutura
Indivíduos
Cabem nesta unidade temática os estudos biográficos nos mais diversos sentidos, desde os estudos de genealogia e linhagem às biografias de contextualização económica, social e cultural, incluindo as questões metodológicas inerentes a estes tipos de estudos.
Grupos
Esta unidade temática enquadra trabalhos que apontam para protagonismos colectivos e seus comportamentos, estudando grupos profissionais, grupos sociais ou determinados tipos de contingentes populacionais que possam ser entrevistos a partir de exercícios de demografia diferencial ou de tratamento qualitativo. Assim, constituem objecto de estudo desta temática a abordagem a grupos profissionais (artesãos, parteiras, médicos, mineiros, emigrantes...), grupos demográficos (crianças, jovens, velhos, mulheres, homens...), grupos marginais (prostitutas, vadios, criminosos...), bem como a análise de práticas que contribuam para esses posicionamentos (o estudo dos ofícios, o papel de agências de socialização, o controlo da natalidade, a moldura penal, as condições higiénicas e assistenciais, as estruturas subjacentes a estes fenómenos, tais como escolas, prisões, hospitais).
População
Esta linha valoriza as estruturas e os comportamentos demográficos, procurando, acima de tudo, dar continuidade à metodologia de reconstituição de paróquias desenvolvida por Norberta Amorim, assegurando os compromissos assumidos nesta área e até 2007 pelo NEPS, favorecendo quer os estudos demográficos locais quer as novas abordagens, de que são exemplo os múltiplos trabalhos desenvolvidos recentemente sobre os Açores. São acolhidos trabalhos de abordagem global ou que visão perspectivas gerais, centrados em uma ou mais variáveis (migrações, natalidade, nupcialidade, mortalidade).